terça-feira, 7 de dezembro de 2010

As Constelações Esquecidas de Inverno


(Astronomia On Line - Portugal) Enquanto as decorações natalícias aparecem um pouco por toda a parte, não são os únicos espectáculos brilhantes desta época: as melhores luzes de Natal vêm de cima, onde as constelações prometem deslumbrar os seus observadores em noites limpas.

Se há alguma constelação que serve de pináculo para um espectáculo de luzes durante o Inverno, é Orionte, o grande Caçador - uma das mais famosas constelações do Hemisfério Norte. Ao avistá-la por estas noites, quase todos nós somos imediatamente atraídos pelas suas estrelas brilhantes, a sua cintura de três estrelas e a grande nebulosa (M42), uma incubadora de novas estrelas.

E todas estas espectaculares atracções regularmente afastam a nossa atenção de outros padrões estelares interessantes, embora mais ténues, que infelizmente se situam na vizinhança de Orionte.

Mesmo para Sul de Orionte está um ténue grupo de estrelas que parece estar disposto na forma de uma gravata borboleta: Lebre. Está longe de Corvo e Águia, ambos seus predadores.

Vários povos associaram a Lebre com a Lua. No entanto, para os Árabes, as quatro estrelas mais brilhantes de Lebre, arranjadas num rectângulo imperfeito, representavam quatro camelos matando a sua sede. O nome de uma destas estrelas, Nihal, significa isso mesmo.

A estrela mais brilhante chama-se Arneb, uma estrela velha e moribunda que pode já ter passado a sua fase de supergigante e estar agora a contrair-se e a aquecer nas fases finais da evolução estelar, ou talvez ainda está a crescer para a fase de supergigante. Com uma massa de 10 vezes a do Sol, espera-se que acabe a sua vida como uma anã branca, embora caso seja mais pesada que o indicado pelas estimativas, possa acabar numa espectacular explosão estelar conhecida como supernova.

Gamma Leporis é um binário estelar confortavelmente observável em pequenos telescópios. O seu brilho é separado por cerca de duas magnitudes. Talvez consiga distinguir as suas diferentes cores: a maioria dirá que são "amarela e vermelha-escura", ou "amarela e laranja".

Para baixo de Lebre, encontramos Pomba, um padrão de estrelas que não pertence às 48 constelações originais atribuídas à Antiguidade. A sua origem é incerta, mas na maioria dos atlas estelares mais antigos aparece como uma pomba carregando um ramo de oliveira no seu bico. A Pomba representa o pássaro que Noé libertou após o dilúvio em busca de terra, daí o seu nome latim "Columba Noachii."

O Sol está movendo-se na direcção contrária a esta constelação. Em 1718, Edmond Halley determinou que as estrelas não estavam fixas, mas que se moviam pelo céu no que chamamos de movimento próprio. No nosso céu de Inverno, o percurso do Sol pelo espaço leva-nos para longe de Pomba a cerca de 20 km/s, em relação às estrelas mais próximas.

Talvez seja também possível avistar algumas das estrelas mais a Norte da agora extinta constelação Argo Navis (actualmente as estrelas mais a Norte perfazem a constelação da Popa). Na mitologia, este foi o navio usado por Jasão durante a sua busca do Tosão de Ouro. Este grande grupo de estrelas situa-se na maioria para baixo do horizonte a Sul, mas consoante a latitude em que se encontra, é possível observar as estruturas mais altas do navio.

Três estrelas ténues para Este da Popa perfazem a constelação da Bússola, que também contém T Pyxidis, uma estrela variável cataclísmica também apelidada de nova recorrente. Já por cinco ocasiões (1890, 1902, 1920, 1944 e 1967) esta estrela aumentou drasticamente de brilho; os astrónomos pensam que já deveria ter aumentado novamente de brilho há muito tempo.

Para baixo da Bússola encontramos a Vela, cuja estrela mais brilhante, Suhail, é um esplêndido binário, observável com um bom par de binóculos - embora, infelizmente, esteja extremamente baixa no nosso céu. A estrela primária pertence a uma classe especial de estrelas chamadas "Wolf-Rayet". É uma estrela extremamente quente, gigante e luminosa, cerca de 3900 vezes mais brilhante que o Sol e a 520 anos-luz de distância.

O grande navio Argo era por vezes associado com a Arca de Noé, o que faz todo o sentido com Pomba por perto, sugerindo que pode ser de facto a Pomba de Noé.

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